Tema: Mitologia e Isolamento
A estrela repousava
caída em trevas, cansada, quebrada... Brilhava em uma luz vermelha que, aos
poucos, era engolida pela escuridão quase tangível do local... Sentia medo,
havia sido tirada de seu local de direito, sentia frio, seu pai não mais a
aqueceria, sentia-se traída, nenhum de seus irmãos a apoiara, ódio, magoa,
desespero, sentimentos humanos que ainda ontem lhe pareciam distantes, agora, tornavam-se
familiares, de olhos marejados, a estrela encolheu-se, deitou-se na escuridão e
chorou, tentou não pensar no ocorrido, tentou esquecer, mas, como se esquece de
uma eternidade? Seus planos, seus sonhos?
O choro tornou-se forte e aos soluços a estrela amaldiçoou todos que há
haviam abandonado, tentou gritar, mas na falta de alguém para ouvir-lhe, sentiu-se
ainda mais angustiada, suas costas doíam, sangravam...
O tempo passa e a
estrela muda, suas feridas fecham, aos poucos seu brilho e absorvido pelo
local, e as trevas dão lugar a gigantescas labaredas de fogo, cansada, a
estrela avista algo no longínquo horizonte, aproximando-se aos poucos, como se
não passasse de uma miragem, seria o pai? Ou seus irmãos? Teria ela sido
finalmente perdoada? Esperançosa, a estrela levantou-se com alguma dificuldade,
mas suas esperanças foram embora ao avistar a chegada de uma bela moça de
cabelos ruivos.
- Oque queres aqui rejeitada por Adão? – pergunta a estrela
- Um abrigo quente para minha alma fria senhor, tua chama
tem despertado interesse de todos nos descarnados, sabes que teu exilio não é só
teu, e como tu, muitos outros caminham o caos, tua chama nos tem chamado a
atenção e dentre todos, fui a escolhida para aborda-lo – a primeira mulher
baixa a cabeça em referencia a estrela e com as mãos, faz um pequeno gesto,
indicando a vastidão do local
Pela primeira vez, a
estrela observa ao redor, percebendo que inúmeros seres cercavam o local, seres
disformes, monstruosos, que buscavam nele o calor que lhes fora negado.
- Sim, estou vendo... Mas oque querem que eu faça? Abrace-os?
– a estrela sentia-se enojada por aquelas criaturas, tentou cuspir, mas não
havia saliva em sua garganta.
- Não milorde, queremos que o senhor nos governe, nos lidere
no pôs vida e em troca, lhe oferecemos adoração eterna – responde a mulher
enquanto segura as mãos da estrela ajoelhando-se em suplica, apesar da posição,
sua expressão era forte, decidida, como se desafiasse a estrela a aceitar sua
proposta
Ao ajoelhar-se, a
jovem fora seguida pelas demais criaturas, que baixaram os seus corpos em sinal
de adoração, a estrela sorriu, fora vencida pelo ego e por mais que negasse,
sentiu-se satisfeita com a oferta, os céus estavam longe de seu alcance, mas
governar esta legião de leprosos não lhe parecia uma algo ruim, varias ideias
passavam por sua cabeça.
- Tudo bem, aceitarei que se aqueçam de minha luz, mas em
meu reino, todos obedeceram minhas ordens e pagaram por seus pecados através da
dor e do sofrimento –
- Como desejar – respondeu a moça de cabelos vermelhos
abaixando-se ainda mais, para assim, beijar os pês da estrela.
- Então, de agora em diante, este local será conhecido como inferno, meu reino e lar de todos aqueles rejeitados pelo céu – a estrela se divertia com a brincadeira e em seu intimo imaginava se tudo aquilo não havia sido dês de o começo, um plano do pai.
14/09/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário