segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Conto da semana: O cair de uma estrela

Segunda semana
Tema: Mitologia e Isolamento

  A estrela repousava caída em trevas, cansada, quebrada... Brilhava em uma luz vermelha que, aos poucos, era engolida pela escuridão quase tangível do local... Sentia medo, havia sido tirada de seu local de direito, sentia frio, seu pai não mais a aqueceria, sentia-se traída, nenhum de seus irmãos a apoiara, ódio, magoa, desespero, sentimentos humanos que ainda ontem lhe pareciam distantes, agora, tornavam-se familiares, de olhos marejados, a estrela encolheu-se, deitou-se na escuridão e chorou, tentou não pensar no ocorrido, tentou esquecer, mas, como se esquece de uma eternidade? Seus planos, seus sonhos?  O choro tornou-se forte e aos soluços a estrela amaldiçoou todos que há haviam abandonado, tentou gritar, mas na falta de alguém para ouvir-lhe, sentiu-se ainda mais angustiada, suas costas doíam, sangravam...

  O tempo passa e a estrela muda, suas feridas fecham, aos poucos seu brilho e absorvido pelo local, e as trevas dão lugar a gigantescas labaredas de fogo, cansada, a estrela avista algo no longínquo horizonte, aproximando-se aos poucos, como se não passasse de uma miragem, seria o pai? Ou seus irmãos? Teria ela sido finalmente perdoada? Esperançosa, a estrela levantou-se com alguma dificuldade, mas suas esperanças foram embora ao avistar a chegada de uma bela moça de cabelos ruivos.

- Oque queres aqui rejeitada por Adão? – pergunta a estrela

- Um abrigo quente para minha alma fria senhor, tua chama tem despertado interesse de todos nos descarnados, sabes que teu exilio não é só teu, e como tu, muitos outros caminham o caos, tua chama nos tem chamado a atenção e dentre todos, fui a escolhida para aborda-lo – a primeira mulher baixa a cabeça em referencia a estrela e com as mãos, faz um pequeno gesto, indicando a vastidão do local

  Pela primeira vez, a estrela observa ao redor, percebendo que inúmeros seres cercavam o local, seres disformes, monstruosos, que buscavam nele o calor que lhes fora negado.

- Sim, estou vendo... Mas oque querem que eu faça? Abrace-os? – a estrela sentia-se enojada por aquelas criaturas, tentou cuspir, mas não havia saliva em sua garganta.

- Não milorde, queremos que o senhor nos governe, nos lidere no pôs vida e em troca, lhe oferecemos adoração eterna – responde a mulher enquanto segura as mãos da estrela ajoelhando-se em suplica, apesar da posição, sua expressão era forte, decidida, como se desafiasse a estrela a aceitar sua proposta

  Ao ajoelhar-se, a jovem fora seguida pelas demais criaturas, que baixaram os seus corpos em sinal de adoração, a estrela sorriu, fora vencida pelo ego e por mais que negasse, sentiu-se satisfeita com a oferta, os céus estavam longe de seu alcance, mas governar esta legião de leprosos não lhe parecia uma algo ruim, varias ideias passavam por sua cabeça.

- Tudo bem, aceitarei que se aqueçam de minha luz, mas em meu reino, todos obedeceram minhas ordens e pagaram por seus pecados através da dor e do sofrimento –

- Como desejar – respondeu a moça de cabelos vermelhos abaixando-se ainda mais, para assim, beijar os pês da estrela.

- Então, de agora em diante, este local será conhecido como inferno, meu reino e lar de todos aqueles rejeitados pelo céu – a estrela se divertia com a brincadeira e em seu intimo imaginava se tudo aquilo não havia sido dês de o começo, um plano do pai.

14/09/2015

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