quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Conto da semana : A formatura de Jessica

Primeira semana
Tema: livre


  Os sons apressados dos passos de Jessica rompiam o silencio da mata escura, a jovem de  belos cabelos ruivos corria rapidamente por dentro da mata, sua perna doía, sinal que pular daquele barranco não tinha sido uma boa ideia... - pensou, talvez tivesse torcido o tornozelo ou tivesse deslocado, não importava, Jessica sabia que devia correr ou logo seria alcançada pelo bando, DROGA – pensava ela, se ao menos soubesse que haveriam tantos - droga, droga, droga,- havia sido tola de
achar que após todos os anos de treinamento, sua formatura  se resumiria a uma simples expedição, o estranho sorriso de seu pai ao dar-lhe boa sorte e a gigantesca preocupação de sua mãe agora faziam todo o sentido, bom... Não podia chorar sobre o leite derramado, falhar em sua missão significaria jogar fora todos os anos de treinamento, significaria decepcionar seu pai e o pior de tudo, significaria admitir que sua mãe estava certa e que ainda não estava pronta para ingressar na ordem

  Jessica estava ficando cansada, a dor no tornozelo só aumentava e a cada passo que dava sua perna se tornava mais pesada, não poderia correr para sempre e se esconder não era uma opção, visto que apesar de burros, aqueles malditos possuíam um ótimo olfato, avistou uma arvore grande e de galhos fortes, escalou-a com pouca dificuldade, de cocas em cima de um galho Jessica tentava controlar a respiração enquanto preparava uma flecha em seu arco, a pressão de seu peso aumentava sua dor, mas não podia arriscar sentar-se sem dificultar sua mira, apoiar o peso na perna boa era a única alternativa que lhe restava, e assim o fez... dois hobgoblins surgiram poucos metros abaixo, armados com tacapes, ambos conversavam em sua língua rustica, enquanto vasculhavam as moitas a procura da garota, um deles passou bem embaixo da arvore onde estava, - esquerda, direita, frente, trás,- era incrível como sempre esqueciam de olhar para cima, bastou uma flecha, rápida e muda para levar a criatura em silencio de volta a terra, isso! – murmurou Jessica para si mesma, estava orgulhosa de sua mira certeira

  O segundo hobgoglin, estranhando o silencio repentino, virou-se e logo percebeu o cadáver caído em meio o tapete de folhas secas, os sons guturais vindos da boca da criatura foram silenciados por uma flecha que lhe atravessara a garganta, Jessica esperou alguns segundos, em silencio, a arqueira tentava ouvir algum som estranho, que lhe revelasse algum inimigo nas proximidades, após alguns momentos decidiu descer da arvore e seguir enfrente, não podia arriscar topar com outros membros do bando...

  Lentamente a jovem pendurou-se em um galho, temendo que uma queda de mau jeito piorasse a situação de sua perna, enquanto se concentrava para pular, outra criatura saltou dos arbustos em sua direção, o impacto do corpo do monstro arrancou Jessica do galho arremessando-a metros de distancia, os olhos da criatura bufavam em ira, sua pele esverdeada e cheia de rugas fedia a carne estragada, um ar quente saia de suas narinas mesclando-se com o frio daquela noite, armado com um pequeno machado de pedra o hobgoblin caminhava em sua direção...


  Atordoada pela queda, Jessica levantou-se com dificuldade, seu arco jazia no chão a alguns metros de distancia, tudo bem – pensou, a final de contas, não conseguiria usa-lo muito bem em um combate corpo a corpo, percebendo a aproximação da criatura, Jessica sacou seu punhal, uma lamina simples e sem brilho, porem bastante resistente e afiada, a jovem se pós em posição de combate e... Não, Não esta tudo bem – sentiu uma forte fisgada na perna e logo se deu conta de um ataque eminente da criatura que girava o machado em sua direção, sem o devido apoio na perna a garota levantou seu punhal, arriscando uma tosca defesa, a criatura não possuía grande pericia em combate  mas compensava com a força, o golpe quebrou facilmente a defesa da jovem, precisava tomar cuidado, um golpe certeiro e dificilmente  conseguiria se levantar,  Jessica segurou firme o punhal, não podia deixar que caísse, concentrou-se nos movimentos do inimigo, lembrando dos ensinamentos sobre combate corporal, a criatura podia ser forte, mas Jessica mesmo ferida, continuava sendo mais rápida, lembrou-se dos arcos, o padrão de movimento presente em todas as criaturas, 1,2,1,2,3,1,2,3,4 – aos poucos a jovem conseguia ver claramente o padrão dos ataques do monstro, com um movimento rápido, a garota arremessa um punhado de terra no monstro e ignorando a dor na perna, salta na direção do adversário cravando o punhal em eu estomago, os dois caem ao chão e a criatura ensandecida aperta-lhe o pescoço, enquanto resiste,  Jessica passa a aplicar varias estocadas no abdômen da criatura que geme desesperadamente enquanto sente a vida esvair de seu corpo, caída ao lado da criatura, Jessica descansa, a falta de forças parece servir de anestésico para sua dor, ela pensa na aldeia, nos seus pais e na festa que farão quando voltar, ela pensa em seu arco e pensa na gloria de ter se tornado da ordem dos arqueiros – deveria correr, talvez hajam mais hobgoblins por perto...foda-se – Jessica dorme.

07/09/2015

Ilustração feita por: Marília Barbosa ( https://www.facebook.com/maribarbosaart?ref=ts&fref=ts )

Um comentário:

  1. menino, me surpreendeste, adorei teu conto, fiquei fisgada nele desde o início! Parabéns

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