A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA EM WATCHMEN
DO QUADRINHOS PARA O FILME
Entendemos por tradução intersemiótica a passagem de um texto de um meio semiótico para outro diferente. Quando dizemos texto, englobamos toda e qualquer mensagem comunicada através de um suporte, portanto não só o texto escrito, como o imagético, o fílmico e assim por diante. O meio semiótico é a base onde se inscreve uma dada obra, havendo cada uma delas suas peculiaridades, por exemplo um romance compreende um texto exclusivamente escrito que tem em sua essência uma maneira de ser lido (num longo prazo e individualmente), diferente do filme, que une imagens, sons e textos e é usufruído, às vezes, num local específico (na sala de cinema), coletivamente e dentro de um intervalo temporal definito. Levando em consideração, portanto, a particularidade de cada meio semiótico, entende-se que a tradução intersemiótica envolve um complexo processo de perdas e ganhos, onde os significados de uma obra de partida encontra no meio receptor maneiras diferentes de se expressar.
watchmen
A história em quadrinhos Watchmen é considerada pelos críticos mais renomados da indústria de quadrinhos mundial como referência de qualidade estrutural imagética. A inédita perspectiva de Alan Moore, aliada à arte de Dave Gibbons e cores de John Higgins não só se tornou um sucesso instantâneo de crítica dentro e fora do mundo dos quadrinhos, como também é um fenômeno de vendas que colocou a DC Comics, mesmo que temporariamente, à frente da campeã Marvel Comics. Watchmen foi editada na versão original em 1986 e 1987 com 12 volumes em Nova Iorque; e no Brasil, foi lançado em 6 revistas em meados de 1989 pela editora Abril, e só em 1999 foi lançada uma edição especial com o formado original em 12 revistas, mas agora editada pela Via Lettera. A série foi reconhecida com vários Prêmios Kirby e Eisner, além de uma honraria especial no tradicional Prêmio Hugo, voltado à literatura. É até o momento a única graphic novel a conseguir tal feito. Watchmen também é a única história em quadrinhos presente na lista dos 100 melhores romances eleitos pela revista Time desde 1923.
o filme
Tanto leitores casuais quanto os fãs mais ávidos da história em quadrinhos Watchmen podem, comparando a obra original com o filme homônimo de 2009, dirigido por Zack Snyder, encontrar e catalogar momentos de fidelidade ou não da obra destino (filme) em relação à obra fonte (quadrinhos). O trânsito de linguagem existente em uma transposição de uma história em quadrinhos para o cinema já instala uma obrigatoriedade de transformação: basta lembrar o simples fato de que em uma história em quadrinhos não há movimento, enquanto no cinema o movimento é a nutriz da linguagem, como já evidenciamos ao lembrar que cada meio semiótico possui sua peculiaridade. Além disso, temos outros fatos limitantes, como o tempo de exibição de um filme, que não deve ser muito longo, e portanto, cria a necessidade de resumir e, às vezes, suprimir alguns elementos da história. Logo, descartamos a necessidade de haver uma fidelidade entre as duas obras, uma vez que suas particularidades torna tal fenômeno impossível. Atentamos então, para a necessidade de olhar para o filme como uma obra única, independente dos quadrinhos, e portanto, impossível de se comparar nesses termos.
a interferencia dos vigilantes no mundo
A história em quadrinhos Watchmen está carregado de intertextualidade com o mundo real, uma vez que traz consigo inúmeras referências artísticas e culturais do momento em que sua história foi concebida. Analisaremos também de que forma esses signos foram passados para o filme, por meio de tradução intersemiótica. Assim como a física quântica traz teorias que criam infinitas possibilidades , a historia de Watchmen cria uma outra possibilidade dentro de sua história, criando uma outra historia para o mesmo mundo, por meio de reconstrução imagética e icônica, reformulando a linguagem histórica. Por exemplo, em Watchmen o presidente Richard Nixon está no seu quinto mandado, a guerra do Vietnã foi vencida por Dr, Manhattan, e Cuba, por isso, está mais aliada com a União Soviética, com isso está quebrada a mimese histórica. Os ícones estão agora reorganizados em uma nova estética e os personagens de Watchmen não só compõem este enredo central, eles tornam-se o motivo da história ter seguindo outro rumo e significado.
Analise dos personagens
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoyTo7RJAnqKJcGAUUT9OjlosR5Sg6Uc4TRuyJfXrzjVX-79iB-sll7Y4CPz9cyJ38AVV-sKuiVvw8Vat25YZ8bFOw6eueUQhzdWUJ3NhZACdjZlvF-g4CyUqCldORtweBlwWTrFn2Fhrf/s320/Watchmen.jpg)
trilha sonora
watchmen surpreendeu com sua trilha sonora formada por musicas da época em que a trama se passa.
materiais deixados de lado
watchmen é sem duvida uma obra grandiosa é bastante detalhada e cheia de subtramas, porem alguns destes detalhes tiveram que ser deixadas de fora da trama do filme seja devido ao custo orçamental do filme ou devido a duração total da trama.
segue abaixo duas subtramas da hq que tiveram de ficar de fora do filme:
A história dentro da história: os contos do cargueiro negro
uma outra graphic novel que é lida por um dos personagens da série. A ausência de "Os contos" trouxe um grande incômodo aos fãs. Mas a verdade é que intercalar as duas ambientações seria dispendioso em tempo e dinheiro e, por isso, Zack Snyder optou por lançar à parte, também em DVD, os "Contos do cargueiro negro". A adaptação ficou excelente e retrata com a mesma crueldade a história do homem que atravessa o Oceano em busca de uma vingança, às custas dos corpos de tripulantes do seu antigo navio. A diferença entre esta edição e a impressa está nos tons mais sombrios da história no DVD, que deixou de lado os tons coloridos da HQ e adotou cores vermelhas e alaranjadas para criar um ambiente soturno, dando maior impacto à trama.
Contudo, mesmo com tanto apuro, o fato é que a história de Contos do Cargueiro Negro perdem contexto e força quando separados da trama principal. não ver o garoto lendo a HQ é algo decepcionante. Mas vale a pena conferir, não resta dúvida.
sob o capuz, a entrevista com o primeiro coruja
a entrevista de Hollis Manson, o primeiro Coruja, chamada na história de "Sob o capuz". Esta passagem é mostrada com atores e vem como extra no DVD dos "Contos do Cargueiro Negro". Tal como na história em quadrinhos, a narrativa oscila entre os anos 80 e o período em que Manson estava em seu auge, integrando o grupo Minutemen. Ponto alto desta obra é a abordagem inocente dos relatos da época em comparação com a época em que vivem os Watchmen. A comparação entre os vilões da década de 40 e as atuais ameaças chegam a trazer nostalgia aos que viveram aquele período.
pesquisa feita para a cadeira de arte sequencial
créditos:
BRUNO DA SILVA
MARCUS COSTA
SAMUEL CALADO
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